Singularidade

Cada minuto que passa meu olhos vagueiam na imensidão do mundo. Chega um momento em que tudo me basta. Não quero compreender nada. Qualquer tentativa de saber se torna um desperdício, pois enquanto a mente trabalha me foge a beleza do que vejo. Apenas observo, não crio idéias, não faço juízo das coisas. Uma árvore não é a árvore, pois quando dizemos a árvore, tornamos todas elas em uma apenas. Cada árvore é uma árvore, cada peixe é um peixe e cada gente é uma gente. Aliás dizer que a árvore é uma árvore já é um grande erro. Não há árvore; nem peixe; nem gente, apenas há. O ideal é não nomearmos nada, porque quando nomeamos tiramos a singularidade do ser. Pra mim, se há realmente a necessidade de nomearmos as coisas, cada coisa teria que ter um nome único. Se um indivíduo tem o nome de árvore, outro indivíduo teria que ter o nome de “cracacuia”, e assim por diante. Dessa forma o mundo seria mais rico, e tudo seria singular, cada qual com sua cor e seu mistério.

Leandro Moreira

30/03/2009