"Não dever ao devir"

Há no silêncio das noites de outono um ar de mistério, caminhar pela ruas acinzentadas do centro proporcionam deleite ao olhos, roupas tiradas do fundo do armários: a mudança de temperatura, ainda amena, no entanto, o céu se mostra diferente do de verão, a posição do sol, há um aroma inebriante: expectativas.

Há no meu olhar um brilho além, que esta entre o dilema quase irônico e a empolgação, por que o coração sonha tantas bobagens insanas? Há apenas alguns instantes devaneio cabendo entre o cotidiano e a ilusão adocicada, volta à tona a manipuladora temerosa, ou se permite apenas sorver ansiosa o que o destino oferece? Eis as questões que apertam o peito...

A luz tênue do bar, o ambiente acústico, a musica leve, o rock embalante de outros tempos, entre amigos, entre desconhecidos, entre o céu e a terra, apenas fugindo do vazio de um céu infinito dentro de uma caverna, o recriar realidades, fingir sentido no banal, buscar, mais uma vez, no outro um estimulo, motivação, resposta, ou distração, tudo depende do ângulo que se olha, ou da intenção passada: a eterna duvida.

Embalados pelo som, a proximidade dos corpos, falar ao ouvido, desejar a surpresa de um beijo, sem a coragem de selar,o que Shakspeare advertiu “que beijos não são contratos”, mas no entanto, um beijo sempre diz de almas que querem se tocar, e se unir, e acabar com a sensação doentia de solidão.

E no amago o sonho desponta, o coração se enche de medo excitação, o dia corre lento demais para algo que será ótimo, e rápido demais para uma desilusão, n seria então uma percepção real, mas uma distorção psíquica, que gira na roda do tempo, que reproduz, e teme a repetição, que busca uma referencia, tenta se prepara para o devir, em vão, não há como planejar, saber o que esperar...

Seria então tempo de pular de cabeça no vazio no misterioso e tão incerto futuro? Escolher ir de olhos abertos ou fechados não muda a profundidade de coisa alguma, se há influencia do que esperamos é pensamos é sim do modo como vivenciaremos algo e, jamais, sobre este algo se cumprir. Então, que venha o devir!

T Sophie
Enviado por T Sophie em 17/04/2009
Código do texto: T1544071
Classificação de conteúdo: seguro