Opressão Impessoal

Alerta! Alerta! Pensadores de plantão, ou melhor, sem plantão. A sociedade moderna, com seu bytes e megabytes de alucinação, apertou a tecla da burocracia e da legislação para te manter em verdadeiro estado de submissão. Percebeu a rima? Eeeeeeé. E não é ria pobre, não. É riquíssima, riquíssima de significação, mais que este superlativo. Escureceu? (que preconceito está implícito nesta frase, hein!?). Nublaram-se as portas da compreensão? Então arrombemos a da percepção.

“É assim que tem que ser feito e não sou eu quem diz não, é a lei, está no papel”. Quem nunca ouviu esta frase? Os que não, tentem ao menos compreendê-la. Entendeu? A opressão, a coerção, o autoritarismo foi impessoalizado, transferido da personalidade do patrão (o chefe, o superior) para o papel. Assim você fica “desarmado”. Como é que você vai reclamar, argumentar ou contestar contra um papel? Você ainda não sabe? O sistema sabe que você não sabe; que eu não sei; que nós não sabemos. Por isso montou essa farsa chamada Democracia. A perversa estratégia é mais uma vez tolher o entendimento do povo. O poder que te oprime, as forças que te barram, as rédeas que te dominam não vêm de uma pessoa e sim de um emaranhado de leis confusas, regulamentos massivos e anedotas entendiantes. O golpe é carregado de enervantismo, baseado em uma compilação aparentemente objetiva, de fundo contraditório, compreensível “desde que a pessoa seja ‘estudada’, ‘intelectualizada’, ‘burocratizada’.” Ora, num país como o Brasil a massa não tem esse incentivo educacional (o contrário é sarcasmo). Montam uma miscelânea de palavras de ordem e vão amontoando numa pilha interminável, num baú sem fundo. Esse baú burocrático “só é aberto para punir a população, com leis oriundas das brumas do além (talvez o paraíso), leis vindas dos “cérebros engenhosos” de homens engravatados. Decretos, estatutos, mandamentos, normas, “bulas de remédio com letras miudíssimas (boa estratégia hein!?) que ninguém nunca lê. Que história é essa de Democracia? Governo do povo? O povo nem sabe porque tanta papelada. Já que não “podem” censurar o que o povo vai ler, banalizam o que o povo vai ler. Agora ao invés de você fazer o que um Ditador manda, você tem que seguir e cumprir as “leis do Estado”, “rezar a cartilha da empresa”, “cumprir os regulamentos da escola”, “aceitar as normas da família”. E “tudo isso não sou eu quem diz não, está no papel”.

A verdade é que tentam camuflar a hierarquia para que você fique com a confortável ilusão de ninguém está subjugando-o. Sistema “perfeito” hein? Mas como não gostamos de tal “perfeição”, mudemos a estratégia de contra-ataque (pensou que eu diria de defesa né? A defesa é o contra-ataque). Nada de ficar procurando Hitler, Mussolini, Vargas, Médici. Vamos p’ra maldita papelada, mostremos a nossa também. Se liga! Aliás, se desliga dessa paranóia de lobo-expiatório. O sistema montou um carrossel. Você derruba um opressor e o carrossel gira, colocando em cena outro novinho. Nesse carrossel enquanto se destrói um chefão, montam-se outros dez. Vai ficar aí nessa condenação de Sísifo¹? Pare a engrenagem do sistema. Destrua a engrenagem que está dentro de você.

“Enquanto os tiros saem pela culatra, desperdiçam-se balas e pólvora. Não atire em “canos de C”. A nossa falange, ao contrário do inimigo, não tem uma linha de produção em massa de soldadinhos de chumbo. Errar?”

¹ - A condenação consiste em empurrar, nos infernos, uma pedra até o alto de uma montanha, onde ela torna a cair, sem cessar.