Domingo

Domingo.

Madrugada ...

Não conseguia dormir e o lençol da cama, vítima sempre da minha inquietação de menina ansiosa, ficou revirado. Mesmo com o edredom eu sentia frio. Era o matelassê do colchão.

Meu beliche. Durmo embaixo e me sinto num quadrado. Vejo o estrado da cama de cima e conto as ripas. Elas não marcam peso algum. Minha irmã prefere o sofá da sala. Acho que não gosta de dormir nas alturas. Ela é pé no chão. A cama de cima deve conter suas ilusões de alto que ela prefere não confiar. Faz bem! Elas me invadem na cama de baixo e me deixam no ar.

Me sinto no quadrado. Quadrado mágico! Esquife.

Que me transporta para noites de descanso. E desassossego.

Uma câmara que mantêm duas temperaturas: descanso e desassossego ."E eu no meio disso tudo, sem saber” (é o que canta o Paulinho Moska no mp3).

O fato é que eu só queria dormir. E não conseguia... Noites sem norte!

São incontáveis, imutáveis e suplicáveis.

Perco as contas: dos carneiros, das músicas do mp3, das ripas do estrado de cima, do lagrimejar dos olhos e da contenção do mesmo, da perda do ar, de quantas vezes roço os pés um no outro: meu transtorno obsessivo-compulsivo _ graças a Deus ou ao Diabo _ inventaram esse nome que explica tudo o que não te explicação.

Em várias noites me TOC. Compulsivamente!

Acontece sempre ...

Não consigo dormir.

Me pesa ficar acordada. Quero dormir infinitamente!

Deitar o corpo e deixar ficar. Estático!

Só acontece o peso. O silêncio.

Quero, mas tenho náusea no sono. Acordo!

Acontece, e tenho cansaço do peso. Não durmo!

Meu TOC.

Juliana Sousa
Enviado por Juliana Sousa em 21/05/2009
Código do texto: T1605793
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