"Eu sou"

Meus olhos se fecham a mostrar-me a vida, minhas mãos estremecem ao entoar dos fatos, minha boca se cala em silêncio absoluto, na incerteza dos termos que não tem sentido, um segundo de euforia, duas horas de compreensão, os dias se passam a mostrar-me o mundo, mundos grandes, mundos pequenos, mundo de todos, em um mundo só, nada concreto, nada certeiro, nada que escape do estadó pó, o renascer do sentido, o recriar dos momentos, cada minuto é um paraíso, na imensidão dos dias que transpassam tempos, que constroem épocas, que definem as faces de outrora. Pensamentos, nobres como a humildade, simples como a realeza, servos da vontade certa, cúmplices do desejo oculto. Duas mãos de homem, dois pés de menino, esse que hoje será ser, ser que se torna humano, se ontem foi gigante hoje é pequenino, no seio daquela que lhe deu o tempo, o tempo corre, o tempo passa, o tempo demonstra sua fortaleza, sua mão direita nos tras o destino, sua mão esquerda nossa decisão, a boca se abre, os joelhos pesam, ouvidos transmitem a doce canção, o corpo se banha de esperânça leve, na leveza fria da indecisão, duas gotas de água, dois goles de vinho, e palavras secas não mais se farão, a garganta encontra sua plenitude, na ardência cega de uma reação. Sinta o cheiro, deguste o sabor, ouça o ruido, toque o temor, transmita o sentido do próprio querer, da vida secreta que se pode ter, mas não se pode rimar os fatos que constituem uma ilusão, no imaginário das dores que não encontram a própria razão, os dedos se perdem do toque das mãos, que se fecha carente em imcompreesão, tudo se ve, tudo se deseja, e deseja-se tanto que se esquece o porque, em tudo se encontra o sonho perdido, de ver no sentido o sentido de ser, seja além do que possa buscar, pois a busca se finda ao se encontrar, e se perde assim o desejo de ter, por tornar-se obsoleto do próprio querer, uma ilusão, uma decepção, uma alegria e uma paixão, tudo possui sua nobre razão, tudo se encontra em sua própria definição, mas definir é limitar e limitar é desmerecer, apenas mereça o fato de se pertencer, um olho fechado esconde o porque, um outro aberto oculta, em tese, as faces do ser, seremos o tempo, seremos o pó, o pó da esperança de sermos um só, e na solidão encontrar o saber, assim se encontrando em meio ao viver, viver com as coisas que se possa aceitar, ao lado daquelas que se possa buscar, sentidos se perdem, caminhos se vão, os pés ja cansados não saem do chão, e não cabe buscar a estrada do seu, pois seus pés utrapassam o que ja é meu, eu não posso tirar-te o direito do céu, mas as terras que pisas de fato sou eu, eu sou o solo do tempo que sempre se refaz, sou as cinzas do sentir que jamais se esvairá, eu sou o termo filosófico que não tem razão, eu sou o sentido racional da religião, encontre a sí mesmo e irá me encontrar, pois sou o reflexo do seu desejo de sonhar, eu sou o sonho que não pode acordar, mas dorme acordado esperando viver, nos braços da palavra que define poder, se hoje sou vento, ventania virá, nas ondas das águas que se perdem do mar, eu vou encontrar os segredos "de mim", fragmentos do sentido do que jamais terá fim, vou virar sentimento e sentir minha dor, e na dor de minha alma revelar meu amor. Eu sou o ser, nada mais do que o desejo de buscar a busca pelo infinito, andando solitário em meio à legião de mundos que constituem a vida, vivendo dos sonhos que jamais sonharam, eu sou a existência, que busca se firmar nos desejos que pouco a pouco buscamos realizar, eu sou a imagem da sombra, a voz do vácuo, a certeza do indefinido, eu sou a resposta para todos os porquês, e em indagação me afasto da dúvida, pois em dúvida se perde a razão do saber, jamais serei assim, o que sempre fui e não deixarei de ser, pois sou o brilho que ofusca o entendimento que explica você, sou seu aliado e seu irmão, eu vivo da fé que habita em seu coração, e morro todos os dias sem sequer respirar, na angústia fria que cobre o seu olhar...eu sou... nada além do que se possa existir, e sonho a cada dia poder me reencontrar...

Anderson Ribeiro
Enviado por Anderson Ribeiro em 27/05/2009
Reeditado em 08/10/2010
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