O poeta é-para...

Quem é o poeta?

“Existe algo mais provocante e perigoso para o poeta do que a sua relação com a palavra? Será que o poeta cria essa relação ou será que a palavra precisa desde si mesma e por si mesma da poesia, de maneira que somente através dessa necessidade o poeta se torna aquele que ele pode ser?” (HEIDEGGER).

O poeta é quem fala com o outro.

“Falar um com o outro significa: dizer algo para o outro, mostrar um para o outro alguma coisa e confiar-se mutuamente ao que se mostra. Conversar significa: juntos, dizer algo, mostrar um para o outro o que se aclama no que se proclama, o que a partir de si mesmo chega a aparecer” (HEIDEGGER).

O poeta não renuncia à comunicação.

“Após ter aprendido a renúncia, o poeta não renuncia a dizer” (HEIDEGGER).

O poeta diz o indizível.

“A renúncia aprendida não é simplesmente a recusa de uma reivindação e sim a transformação do dizer e sua saga na ressonância, quase velada, extasiante e cancioneira, de um dizer indizível” (HEIDEGGER).

O que fala a fala do poeta?

“Prestemos atenção em tudo aquilo que já sempre e segundo uma mesma medida, observada ou não, está conjuntamente falando na fala” (HEIDEGGER).

Na fala do poeta fala a fala do ser-para.

Na fala, os que falam se fazem vigentes. Eles se fazem vigentes para aquilo e para aqueles com quem falam, onde eles se demoram, para o que a cada vez desse modo lhes diz respeito” (HEIDEGGER).

O poeta é o que reconhece o humano de si no humano do outro.

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HEIDEGGER, M. O caminho da linguagem. Trad. M. Schuback. Petrópolis: Vozes, 2003, as citações, sucessivamente, das páginas: 175, 202, 181, 183, 200, 200.