O caminhar do caranguejo
O Caminhar do Caranguejo
E de repente num belo dia tudo pode mudar
Mesmo que se ache que nunca pode acontecer
Os ventos mudam as respostas que você acha serem certas
E novas perguntas são escritas na areia
A cada nova pegada um novo caminho vai surgindo
Cheio de desafios
Seus passos são curtos, estudados.
Mas o novo te atrai
E você esquece regras de autoproteção criadas por você mesmo.
O sair da toca se tornou simples
Dá frio, medo, desejo
O mar te faz um convite
Seu cheiro é viciante
Seu silêncio enlouquecedor
E cada vez mais você está longe da toca
A maresia te seduz
Talvez sua maturidade o conforte
Você se sente protegido
Tão quando como em sua toca
O entregar-se ficou fácil
À vontade de ter, ser e viver aquilo te possui
È difícil não querer mais aquela nova realidade
Não é como arriscar
É ter algo por dentro que lhe diz que é o certo
È sentir seu coração pulsar, suas pernas tremerem
E seus olhos brilharem
È perceber que já está no oceano
Sem sequer lembrar do momento exato que mergulhou
È ver aquele sorriso
Aqueles olhos grandes, expressivos
Olhos de jabuticaba
Que te fazem perceber que
Agora só existem marcas na areia próximo a sua toca
E os sinais de que
O doce, tímido, medroso e genioso caranguejo
Encontrou seu porto
Na toca de um peixe no fundo do mar.
Guto Angélico