Modernismo e Revelação

Modernismo e Revelação

Da leitura do livro de K. Rahner

Para o modernismo (os pensadores) Revelação é a maneira de designar o progresso imanente e necessário dos anseios religiosos do homem histórico, porque a Revelação é um conhecimento vindo 'de fora'. Partindo do pressuposto da tradicional conceituação católica acerca do significado de Revelação, este tipo de significação é herética.

A importância fundamental de uma adequada conceituação reside no fato da possibilidade de diálogo entre Cristianismo e cultura moderna, visto que o homem hodierno com sua habitual tendência ateísta está propenso a considerar tal evento cristão de primordial importância, como mero racionalismo teológico. Entretanto, o que o choca hoje em dia não é tanto o 'Deus obsconditus' [Deus escondido] mas uma 'história da Revelação' ao longo dos séculos e do qual o cristianismo é a evolução mais apurada e aprimorada.

O que é Revelação? Como pode identificar-se com a história humana? Poderá ela ser o motivo íntimo da história e ao mesmo tempo uma ação livre de Deus?

Para responder a essas perguntas é bom ter em mente que a mais íntima relação entre Deus e o mundo-em-devir consiste no fato de Ele conceder ao homem uma verdadeira transcendência. Como Deus não é uma causa categorial ao lado das outras, mas vivo e transcendental, Ele é o fundamento da própria evolução do mundo. De fato, o mundo também se insere nesta relação: Deus-homem. Por isso, a história deve ser uma ação conjunta de Deus e do homem.

A Teologia católica pode reconhecer, sem cair no Modernismo, a história da Revelação no sentido de apresentação categorial. A absoluta transcendência verificada na união absoluta do Deus mistério presente no homem, tem uma história e, isso, corresponde a uma história da Revelação e, ela possui dois aspectos: a transcendental experiência e a mediação histórica.

A íntima relação entre Revelação categorial e histórica dá a possibilidade de averiguar o que foi revelado. Revelado é Deus; Revelada é a mediação histórica da experiência transcendental de Deus. Assim, em Jesus Cristo, Deus participa da história da humanidade e a humanidade, por sua vez, participa da vida divina. Deste modo é revelado o mistério fundamental do Deus trino, enquanto aparecimento de Deus no âmbito histórico.

A Revelação categorial e histórica co-existe com a história espiritual de toda a humanidade. Cada homem elevado pela graça em sua espiritualidade representa a 'entitativa' divinização. Através desta existência sobrenatural do homem dá-se uma revelação de Deus. A teologia não cria a fé do cristão. Ele é chamado a pôr-se a serviço da mesma. Deste modo estamos falando em uma ' teologia existencial' onde a experiência de Deus a partir do centro mesmo da pessoa humana é que confere a ela uma conceituação primeira e autopossessiva da mesma experiência e, portanto, um vínculo de união com este Deus experenciado. Contudo, isto não prescinde o conceito teológico acerca de Deus e de suas relações com o homem e o mundo-em-devir.

Dranem
Enviado por Dranem em 02/06/2009
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