Uma carta para a morte

Não há ricos ou pobres que se livre de teus estabanados abraços;

Não há preto ou branco que não se contorce diante de teu venenoso ferrão;

Não há um pobre mortal com peripécia de super que diante de ti não vire comida apodrecida de verme;

Onde tem vida, tu estas presente como um paradoxo memorável de uma lápide;

Onde há fôlego, existe a possibilidade de uma parada brusca, na tentativa desesperada de prevalecer.

Onde há abundancia de alegria, tu estás mais próximos do que daquele que já não tem esperança.

Diante da morte o rico fica pobre,

O bonito fica feio,

O felizardo vira miserável;

Os pêsames, o corpo, os enfeites,

São símbolos tolos de perda real.

As vozes, a mente, os cheiros, as cores, são emissários vaidosos da dor;

Saber morrer é saber viver:

É saber sentir o coração do outro;

É poder dar-lhe esperança sempre;

É sorrir o sorriso de uma criança;

É tocar o outro como se isto fosse o mais belo hino.

Isto sim é viver o “descanse em paz”.

Beto Lisboa
Enviado por Beto Lisboa em 05/06/2009
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