Porto

Como folhear o tempo

Que o retrato possui,

Num envelhecimento inédito

Silenciado pela ausência imposta.

O passado é um cárcere,

Aprisiona o tempo que não nos cabe

Emudece na memória o riso findo

E a dor que rasga a ruptura pura.

A vida rompe a face, e o tempo

Sempre muito moço, amarela o retrato

E o pulso não pulsa, como um clarão

Que o céu dispersa e o mar estanca.

Folhear o tempo é uma lucidez vazia.

São Paulo, mês 06 de 2009.