A mídia e o mito

"Se os sonhos vendem, as mensagens são melhor decodificadas quanto mais os mitos encarnarem o espírito dos desejos da mente humana (psique inconsciente). E a televisão é a indústria dessa produção dos mitos, da sua criação e da sua perpetuação, espelhando e moldando os comportamentos, as atitudes e os estilos de vida. A mídia torna visíveis e públicos os sistemas de fantasia simbólica presentes na mente de cada indivíduo, como um espelho mágico que cria e, ao mesmo tempo, reflete os sonhos e os desejos do espectador. Os novos mitos emergem no mundo contemporâneo da comunicação de massa como respostas psíquicas aos desejos da sociedade de consumo. O artista tem o papel de mitologizar o ambiente e o mundo; a televisão é o espelho que, além de refletir, tem a força para criar e veicular os sonhos e as fantasias, dominando e entregando padrões de vida. A publicidade encarrega-se de penetrar nas mentes, através de um discurso mito-simbólico que preencha as expectativas do inconsciente (as pessoas precisam enxergar-se na publicidade); e, finalmente, os produtos vendidos - saciados através de um engenhoso plano de marketing totêmico - afirmam a sua existência, enquanto indivíduos participantes de uma hipócrita sociedade de consumo.

Afinal, se os Deuses tinham o panteão, os apresentadores têm a mídia" (Fred Tavares, Mitologização midiática: os mitos emergentes da televisão. www.facha.edu.br/publicacoes/comum/.../pdf/mitologizacao.pdf, p. 35).