Estar só... sentindo-me inteiramente minha. Saber-se egoisticamente sozinha, como há muito tempo não sabia ser. É manhã de inverno, não há nada que me incomode agora. Paisagem intraduzível, cheiro de mar, pássaros que não conheço, encantando-me com suas melodias... Calma...
          Há tempestades que nos despertam para a vida e, aqui estou, usufruindo da serenidade que me fora causada pela dor... a perda...
          Caminhos tortos que poderiam ter sido tortuosos se eu tivesse me entregado à descrença. Há algo de mágico no sol da manhã que aquece meu rosto enquanto escrevo. Como se, além da pele, aquecesse também o meu coração.
          Já não importa o tempo, nem tão pouco o colo que desejei e, me era tão imprescindível. Descobri minhas essências. Não que me baste, mas, já não preciso do externo para sorrir. 
          Nada se compara ao encontro que se estabelece com a própria alma. Descobrindo-se frágil, flexível e inquebrável. Desdobrando-se em flor quando somente os espinhos lhe dilaceram a pele. Sabendo-se responsável e indiscutivelmente dona de seu destino.
          Não me restam lágrimas, todas já se foram. Em mim, encontrei o caminho e se, errante descobrir atalhos, já não tenho medo!