Bicho de Sete Cabeças

“Não dá pé. Não tem pé, não tem cabeça. Não tem ninguém que mereça. Não tem coração que esqueça. Não tem jeito mesmo. Não tem dó no peito. Não foi nada, eu não fiz nada disso, e você fez disto um bicho de sete cabeças... bicho de sete cabeças... bicho de sete cabeças...”

(Zé Ramalho)

Agora sou o supre-homem, e não reclamem do meu “status quo”, porque assim se portarem, mando fuzilar você, exterminar o outro, eliminar qualquer um. Não tenho medo de transitar sozinho, possuo a mim mesmo. Me basto.

Não existe ostracismo, mas tempo de interiorização. Existem máscaras para serem usadas distantemente das festas dos imbecis, dos débis moralescos com seus dogmas carnavalescos.

Não estou cansado de mim, estou enfastiado da alteridade, da mesquinharia alheia, da falta de perspectiva humanista na cabeça de outrem. Não vou justificar o erro porque ele não existe, nem comemorar a vitória porque também não acontece.

Não vou dar braçadas contra a ignorância dos insensatos. Não vou nadar contra a correnteza da estupidez humana. Vou esperar as águas secarem. Pisar o barro descalço e alcançar uma nova margem e, se porventura precisar, vou construir e derrubar as pontes. Não quero seguidores, mas se assim desejarem: desenvolvam suas asas, evoluam sua mentalidade e criem o seu próprio espaço na rota dos conceitos indefinidos.

Eu vi chover, eu vi relampejar. Tempestades em copos d’água. Não tenho mais sede, não preciso minguar os seus víveres. Sou meu próprio alimento. Sou a minha lei e o meu Deus. Minha cabeça é o meu mundo, meu pensamento o universo. Sua compreensão é puerilidade para mim.