Paradoxo

Livre, o coração ama infinitamente. Teimoso, ama sem poder, é fiel no não-pertencer, espera sem convicção. Sofre, entrega-se aos martírios do esquecimento, mas sabe que desobedecer aos seus ímpetos seria suicídio. Loucura? Pouco importa. É o amor que lhe sustenta as fibras, por isso morre e renasce tantas vezes, enquanto a chama permanecer acesa. Dispensa racionalidade e probabilidades, não inibe sua imaginação. Espera um dia não estar mais solitário. É isso que o anima a viver, faz com que recobre sua paz, sua luz, seu vigor. É a liberdade que torna esse amor paradoxalmente complexo tão místico e sincero, alimento para uma alma inadaptada às condições impostas pelo mundo. Assim, beijo-te, amor meu, ainda que não saibas.

Joyce Amorim
Enviado por Joyce Amorim em 04/06/2006
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