RESTOS MORTAIS

Pinto o que eu vejo

pinto o que sua alma canta

pinto alegria

pinto luz e esperança

pinto a vida vazia

que hoje meu olhar reproduz

tamanha luz opaca

que meu corpo expressa e traduz

Resquícios de poesia

espalhados ao chão

justificar meios ou fins

quando não há explicação

pois não sei enrolar papeis assim

sejam eles de carta ou de seda

talvez nunca ceda

à pessoas banais e ruins

Seria isso um fim, um adeus?

Fim dos poemas teus?

mais me parece piada

consigo até rir de mim

falar da vida alheia

sem participar da encenação que os rodeia

E nesse teatro amador

espalho-me como areia

teatro da minha vida

que "ama a dor"

é ela que me norteia

sem sequer ter estancado as feridas

Eu vivia somente de brisa

me alimentava diariamente de amor

e hoje o que em mim habita

inicio de tudo o que entendo ser minha essência

morreu nesse palco e naquela cena

na melhor comédia do cinema

e hoje restam apenas pedras

amontoadas, espalhadas e pequenas

Apenas o túmulo com os restos mortais...

do que eu sentia por você...

Dhea Pires
Enviado por Dhea Pires em 20/07/2009
Reeditado em 20/07/2009
Código do texto: T1709611