RESTOS MORTAIS
Pinto o que eu vejo
pinto o que sua alma canta
pinto alegria
pinto luz e esperança
pinto a vida vazia
que hoje meu olhar reproduz
tamanha luz opaca
que meu corpo expressa e traduz
Resquícios de poesia
espalhados ao chão
justificar meios ou fins
quando não há explicação
pois não sei enrolar papeis assim
sejam eles de carta ou de seda
talvez nunca ceda
à pessoas banais e ruins
Seria isso um fim, um adeus?
Fim dos poemas teus?
mais me parece piada
consigo até rir de mim
falar da vida alheia
sem participar da encenação que os rodeia
E nesse teatro amador
espalho-me como areia
teatro da minha vida
que "ama a dor"
é ela que me norteia
sem sequer ter estancado as feridas
Eu vivia somente de brisa
me alimentava diariamente de amor
e hoje o que em mim habita
inicio de tudo o que entendo ser minha essência
morreu nesse palco e naquela cena
na melhor comédia do cinema
e hoje restam apenas pedras
amontoadas, espalhadas e pequenas
Apenas o túmulo com os restos mortais...
do que eu sentia por você...