Sobre a reconciliação I

Considero extremamente importante e fico imensamente feliz quando a Igreja nos leva a orar, na missa, a Oração Eucarística VIII, do Missal, p.871, que fala da reconciliação entre pessoas e povos. É uma sábia, iluminada, reconfortante oração, e por isso resolvo que devo transcrevê-la aqui para poder partilhar esse sentimento com os meus amigos. Com certeza muitos conhecem e vão se lembrar de já terem feito essa oração:

“Nós vos agradecemos, Deus Pai todo-poderoso, e por causa de vossa ação no mundo vos louvamos pelo Senhor Jesus. No meio da humanidade, dividida em contínua discórdia, sabemos por experiência que sempre levais as pessoas a procurar a reconciliação. Vosso Espírito Santo move os corações, de modo que os inimigos voltem à amizade, os adversários se deem as mãos e os povos procurem reencontrar a paz.”... “Sim, Ó Pai, porque é obra vossa que a busca da paz vença os conflitos, que o perdão supere o ódio, e a vingança dê lugar à reconciliação. Por tudo de bom que fazeis, Deus de Misericórdia, não podemos deixar de vos louvar e agradecer.“

Tenho certeza de que essa é a vontade de Deus para nós; é o melhor que pode nos acontecer, para a nossa salvação e para a glória de Deus. Tenho amor a Deus, e antes, receio de Deus e de Suas forças. Não ouso ir contra elas. Tento contribuir nesse sentido até mesmo sem ter superado o ódio, o rancor, a mágoa que muitas vezes sinto dentro de mim. Ele, que é Deus, sabe de minhas fraquezas. Então vou direto a Ele e digo que ainda não amo tal pessoa como Ele queria que eu amasse, mas que, através do coração dEle, envio um beijo ao coração daquela pessoa que me magoou e ainda às vezes me magoa, me ofendeu e talvez ainda me ofenda, ou o contrário, eu ofendi, eu magoei_ mas quero agora me retratar, quero contribuir para a a construção do Reino de Paz que é o dEle.

Claro que essa experiência do beijo não é invenção minha; vi isso escrito ou ouvi esse relato em algum lugar. Pessoas se esforçando para se reconciliarem. Nem sempre as duas partes estão prontas para a reconciliação. No meu caso, tento me apressar nesse processo, pois não sei quanto tempo ainda tenho nessa vida. E não gostaria de levar pendências para o outro lado; tudo que puder resolver aqui, nesse mundo, melhor para mim mesma, acredito.Também fico sempre pensando no mal que nos fazemos e aos outros quando não perdoamos: quantas doenças não aparecem com a falta de perdão; que de angústia, depressão, males físicos, psíquicos não sucedem a ausência de perdão!?

Por mais que refletisse sobre esse assunto, por mais argumentos que usasse tentando convencer as pessoas a perdoarem, sei que nada conseguiria, porque cada um quer e deve tomar as suas próprias decisões sobre sua vida nos momentos que melhor aprouver a cada um. Mas tento fazer a minha parte e ofereço-me a Deus para que me use como Seu instrumento, se assim Ele o quiser; então partilho a minha experiência e oro por todos nós, para que Deus nos dê forças, sabedoria e tempo para nos reaproximarmos ou quando muito termos um sentimento bom para com aqueles que não nos fizeram tanto bem; para que não julguemos , mas não nos esqueçamos de que Deus é Aquele que julga e que faz novas todas as coisas. Que Ele, sim, que tudo pode, faça novos os relacionamentos, os sentimentos, as emoções, cure-nos de traumas, feche-nos as feridas, esvazie-nos de tanto peso que carregamos em vão por não perdoarmos. E termino sempre a oração pedindo também pelo perdão entre os povos, para que o Reino de Deus possa mesmo acontecer entre nós, ainda nesse nosso tempo.Que Deus tenha misericórdia de nós. E, acima de tudo e sempre, seja feita a vontade dEle. Amém.

Neusa Storti Guerra Jacintho
Enviado por Neusa Storti Guerra Jacintho em 31/07/2009
Reeditado em 02/03/2013
Código do texto: T1729946
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