RECADO 
Você mulher, que descreve o amor com mal sentido, como dor no peito e uma sempre presente saudade. Que pernoita em angustia de uma esperança criada no imaginário dos versos. Você mulher, que aceita o grito, o choro e a derrota, que não pergunta a verdade, mas aceita a mentira de algo que viu por entre as nuvens. Mulher que registra o carinho, os poemas e poesias no fato concreto de algumas letras,mas não cultiva a emoção disso tudo, dentro d’alma. Mulher que é de verdade, pois vê um céu de sereias, mesmo em mar de lama e olhares mudos, mas deixa-se vencer por um medo de outrem, por um fantasma , por um ar que não se toca. Mulher que não sabe, ou finge não saber que é modelo, paradigma de musas tantas, sonho de poetas outros, música em meio a solidão. Porque nem todo homem é passageiro... Porque nem todo amor é gritado, manifestado por lógicas razões... Porque mulher, agente é só, mesmo acompanhado... Porque se sofre em silêncio... Porque se é verdadeiro, mesmo na mentira..., basta olhar com os olhos da história. Porque sempre se quis dizer, sempre se quis mostrar, mas de outra maneira que não a sua. Mulher, que tanto amor deseja dar, tantos carinhos se fez juntar, tanta cosia que criou... Mulher, nada se pode mudar quando se acredita existir uma só maneira, uma só estrada, um só horizonte sonhado. Você mulher, que não quer despertar por um instante apenas. Mulher que desfaz a cada dia, um homem de verdade em troca de uma gravura imaginária do coração, acredite ao menos na poesia que te enfeita.

Jose Carlos Cavalcante
Enviado por Jose Carlos Cavalcante em 16/06/2006
Reeditado em 25/06/2006
Código do texto: T176345