A.

“Quero apenas cinco coisas..

Primeiro é o amor sem fim

A segunda é ver o outono

A terceira é o grave inverno

Em quarto lugar o verão

A quinta coisa são teus olhos

Não quero dormir sem teus olhos.

Não quero ser... sem que me olhes.

Abro mão da primavera para que continues me olhando.”

Pablo Neruda

Permito-me, mais uma vez sentir um turbilhão dentro do peito, há uma canção que diz que romântico é quem “conhece o gosto raro de amar sem medo de outra desilusão”, mas digo, que não é que não tema, mas que sabe que é um risco que vale. Se jogar de cabeça não é uma ação impulsiva de quem não mede conseqüências, mas um ato medido pela lógica do coração, e há na profundidade dilacerante da incerteza a possibilidade das vivencias mágicas!

“Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi!”, coloque melodia nas emoções, daí surgem as canções, e nos tocam ao ser ouvidas pois tem a cor dos sonhos, a maciez dos sorrisos, e revela segredos nas entrelinhas.

A maturidade tem lá suas vantagens, dá mais clareza, não diminui as incertezas, mas saber melhor o que se quer, o que se busca, fica mais fácil fazer algumas escolhas. Conhecer suas próprias limitações é uma virtude que agradeço ao tempo e às dificuldades, pois nos impedem de atitudes impulsivas que nos fazem caminhar para trás.

Ter a doce sensação de ser compreendida e admirada e ver no outro: profundidade, virtude e quando juntos queimar na pele o desejo e na alma carinho e ternura é um sinal de que há algo sublime acontecendo. Se durar um mês ou uma semana, pouco importa, a intensidade do que sinto HOJE já fez com que valesse a pena a proximidade, a convivência. Permito-me viver isto hoje, pois já estou com marcas de outras quedas e desilusões, e já aprendi que não há garantias, mas que a solidão é nociva e dilacerante. Que permanecer na sombra, por medo de sofrer é como tomar uma gota de veneno diária, é abrir mão da possibilidade. Abrir mão de tentar é um crime contra a felicidade, um atentado à plenitude, é a loucura da covardia, é a tolice mais sã, é a mentira da razão; amar é a conta que o resultado não há garantias de ser lucrativo que traz mais retorno, é o mais intenso dos investimentos...

Se já quis ilusões aprazíveis na inocência tola de menina, hoje desejo emoções intensas profundas com toda a minha coragem de mulher, é o que me cabe, o que tenho a me oferecer, o sacrifício da estabilidade morna de la soledad, mas a consumação da tomada de responsabilidade pela busca da própria felicidade, uma ironia, uma pequena loucura, somente uma paixão?

“Um amor tão puro que ainda nem sabe

A força que tem

é teu e de mais ninguém”

Djavan

T Sophie
Enviado por T Sophie em 24/08/2009
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