Sem anéis
Eu me imagino menina, ossos pequenos, cabelos compridos e olhos sem fim. Olhos verdes - verdes e ponto, não daqueles que mudam de cor. Tenho um vestido branco de tecido suave, mais algodão do que ceda, mais botão do que fita, mais comprido que curto que voa com o balanço do andar.
Estou assim, menina, na rua da casa velha, seis e meia da tarde, horário de verão. Pedregulho de asfalto que brilha, ando com a cabeça baixa, analisando o chão que piso. As unhas são pequeninas, as mãos macias e os dedos sem anéis.