Corrente vigente,infelizmente

Roberto,um próspero empresário,recebe da esposa o comunicado de que o filho foi preso.Abalado,mas tendo marcado uma reunião importante com seus acionistas,se dirige para a empresa.No corredor,a caminho do escritório,ele se encontra com um de seus funcionários,daqueles de muitos anos,Jorge é o nome dele.Mal se aproximam,no entanto,Roberto deixa escapar palavras tão grosseiras que não condizem com o laço de convivência que mantinham.

Sem compreender o que se passava,Jorge fica o resto do dia alimentando um horrível sentimento,no qual se reconhece humilhado e injustiçado em relação a todos os seus anos de trabalho e dedicação.

Final de expediente,Jorge já chega em casa batendo a porta.A esposa quer conversar,o filho pede um favor,mas ele só quer ficar sozinho.A esposa insiste,furioso,ele lhe retribui com palavras exasperadas,as quais ela nunca imaginara poder ouvir dele.

Aquela tortuosa noite passa.Pela manhã a mulher mal consegue encará-lo.Jorge se retira para o trabalho.É nesse momento que ela ouve o carteiro,protela um pouco antes de atendê-lo,está pensativa.

O carteiro parecia ter perdido a hora,e olhava no relógio como se lhe preocupasse os serviços ou lugares que ainda havia de percorrer naquele dia.Vendo que ningúem parece ouví-lo,aumenta um pouco o tom da voz,gritando o destinatário:"Amália".

A dona do nome,esposa do Jorge,impaciente,já não bastasse a discussão com o marido,sái repreendendo o carteiro de forma a constrangí-lo.Aborrecido,o carteiro já sái dali maldizendo a sua profissão e dá um pontapé num cão que "ousa" atravessar o seu caminho,depois de tudo.

Escapando dessa agressão,sem precedendes,o cachorro se lança no meio da rua mesmo,e para não atingí-lo um carro freia bruscamente e recebe uma batida na trasseira provinda de outro carro que vinha atrás dele.

No caos desse incidente,que perdura após a chegada da polícia,os motoristas trocam ofensas,apesar das explicações.Nada mais a acrescentar,saem os dois,cada qual para o seu rumo ,levando outro tanto do aborrecimento que vivenciaram.Provavelmente,o que poderia ter terminado neste instante,ganha agora uma bifurcação,se também esses dois motoristas,por suas atitudes,depositarem em outros a sua insatisfação.

Vivemos na era da "globalização",onde,como se diz,é a era da "informação",não exatamente da "comunicação".Nunca se aprendeu tanto...e nunca se praticou tão pouco.

Se nos contentarmos em sermos meros "sujeitos andantes",como um animal também pode ser,continuaremos a encadear essa corrente inútil de insensatez,eternizando mágoas,sem sentido,entre a gente."Falar" para o outro escutar não é dialogar.

Heli Paula
Enviado por Heli Paula em 23/06/2006
Código do texto: T181206