Nada demais

Era vento passageiro, como todos que vieram

Não mexeu a estrutura, não abalou o alicerce

Não me fez querer mudar, nem fortificar a torre

Só me fez querer admirar mais e mais meu feito

Era água de cacimba, coisa pouca, evaporante

Como uma camada fina de pó sobre a estante

E me fez querer limpar, de tão insignificante

E eu espirrei, porque sou alérgico a instantes

Nada demais, era só alguém perguntando por nada

Nada demais, era só um porto no meio da estrada

Nada demais, é só um farol que não acende mais

Nada demais é nada demais... não soframos mais

Hoje eu me vejo forte porque eu não perdi você

Mas me sinto inseguro com o fato de não ter

Aquele conceito que eu apesar de tudo, tenho juízo

Agora ficou o que você formular, feio ou bonito

Eu bem que tentei respirar e contar até dez antes de responder

Mas me criei num ambiente fechado, falava uma vez

Então o que sobrou foi a soma do que era eu e você

E o que ficou pra trás, ah!!! vai lá vê

Nada demais, ficou só alguém que não me merece

Nada demais, um destino cruzado alguém nunca esquece

Nada demais, como um fio que não conduz mais energia

Nada demais nessa vida, nessa mira, nessa despedida