23 pessoas online

10 e tantas da noite, é como se todas as 23 pessoas online no MSN tivessem valor invisível.

Coisa – no mínimo- solitária, mas okay, dane-se.

Não estudei quase nada hoje. Corrigindo: não estudei nada a semana inteira. E ainda tem aquela voz metódica pra dizer “Brenda, olha o vestibular...”. Eu queria que a minha consciência loser entendesse que eu não só estou olhando, como estou sentindo, cansando e me irritando, não necessariamente só pelo vestibular.

16 anos. Essa é a idade da vez. O tempo das neuras com garotos tão gatos que chegam a dar ódio, tempo em que eu ando aceitando dizer que eu errei sobre todas aquelas teorias românticas sobre o amor (créditos ao meu melhor amigo, que às vezes –sempre- tem um argumento melhor pra estragar minha sensibilidade), o tempo do tédio assassino, das amigas falsas e da paranóia alheia.

10 e tantas da noite, e eu aqui a fim de fazer alguma coisa tão excitante quanto subir no Everest, sair sem rumo ou sei lá.

Faz parte dessa coisa escrota que todo mundo tacha de adolescência, acho. Soa tão bizarro falar como se eu tivesse de fora, “a adolescência é o período pós-puberdade, no qual o jovem passa por uma crise de identidade, é facilmente influenciado pelos amigos etcetcetc”.

Por mais que eu ame escrever qualquer coisa que me passa pela cabeça, escrever coisas muito íntimas de teor estúpido parece meio... irritante. Tipo aquelas reuniões de AA, “oi, meu nome é brenda, tô nessa há X meses, blá blá (...)”.

Imagino exatamente quem tá lendo esses pensamentos sem sentido, se a pessoa consegue compreender como se estivesse me olhando nos olhos, ou se a pessoa ri e pensa “a peget surtou, coitada, rs”.

Tô me sentindo que nem a Alice do filme Closer – perto demais (eu indico!). Com a estúpida beleza da juventude, que luta por todas as coisas que sente.

“'Lá fora não é seguro!”

“e aqui dentro é?”

Preciso responder?

brenda
Enviado por brenda em 10/10/2009
Código do texto: T1857928
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.