Pedido fúnebre..

Quando este corpo ferido encontrar o abrigo amigo de um caixão. Quando meu corpo baixar para a morada eterna do chão. Eu imploro até, flores não... Não enfeitem, não façam como as regras sociais das inverdades.

luxos, lágrimas,gritos, dispensado e facilitado está...

Chamem meus amigos vagabundos, que os vagabundos de mim tomem conta,deixem que a mim acariciem como a uma filha, uma irmã, uma vadia..

Que saiam os puros entre aspas, que fiquem os bêbados, os ladrões de amanhecidos pães, que se debrucem.. com seus bafos doentios, a verterem sobre mim, suas lágrimas singelas e purulentas...

Que todos os mendigos, os perdidos, os injustiçados, os engandados, os usados,os maltratados acompanhem meu estranho funeral.

Que os maus, acompanhem o cortejo, não quero bondades hipócritas, as matronas venenosas, que tanto a mim picaram, cascavéis, turba de invejosas, medrosas por seus machos que tanto pus a correr..

Stop, às namoradinhas de portão e aos engraxados rapazes em suas escondidas fecundações cujas clínicas luxuosas abarrotam as filas de succões tendo como testemunhas apenas os ditos portões..

Não quero, não quero a moça que faz curso-culinária, não quero a sogra com o enjoado e rotineiro cheiro de domingo-vocês-levem-as crianças-para-o-almoço-de-sempre. não quero estas belezas florais e boas...

Quero apenas os amigos, da moça do bordel, ao retirante das casinhas rotas deste ainda Meu País.. As mortes já não me assustam, o que vejo e vi, já sei defunda analisar, meu coração conhece o significado das flores...

Dorothy Carvalho
Enviado por Dorothy Carvalho em 04/07/2006
Reeditado em 07/02/2011
Código do texto: T187669
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