A desconstrução do professor

Quem é aquele cujo trabalho é missão? Cuja atividade é um sacerdócio? Cuja honra era reconhecida por todos? Cujos vizinhos se orgulhavam em reverenciá-lo? Cuja esposa se encantava? Cujos pais se orgulhavam?

- É um defunto. Mal vestido, mal enjambrado, mal...

- É aquele que está à margem de toda a virtude social na atualidade. É aquele que não lê, pois não pode comprar. Quando pode não tem tempo. Que necessita de três jornadas diárias. Que anda a pé, pois não tem carro. É aquele que é explorado pelos governantes que pagam o piso salarial - mais que insuficiente - e se vangloriam: como se estivessem fazendo algo além da legalidade. É aquele que só tem obrigações e nenhum direito. É aquele que se prepara em cursos baratos por não poder frequentar os melhores... e para satisfazer a sanha de governos que só querem melhorar os resultados de qualquer maneira. É o que assina os boletins mentirosos para preservar o cargo, manter o contrato e as boas estatísticas.

É a vítima de seus sonhos. É o soco no próprio estômago. É o último pilar de resistência contra todos os vícios. É a maior vítima de um sistema perverso que vai criar gente despreparada para enfrentar a modernidade, o mercado de trabalho, o filão social mais rico. É o pai daqueles que viverão (?) com um diploma e muito pouco conhecimento.

É aquele que tirou a Irlanda do obscurantismo e da pobreza.

Que não se prosta perante o imperador no Japão.

É aquele que é atraído entre os cinco por cento melhores estudantes e desejado pelas mais valorosas moças casadoiras na Coreia do Sul.

É aquele que construiu a nação mais poderosa do século XX.

É aquele que é a base de toda obra.

É o alvo da desconstrução.

É a queda

É o pó

Era o professor.