Terra de cego

Em terra de cego, quem tem um olho é rei - ou prefeito, presidente da câmara, secretário de pasta...

Em terra de cego, uma aberração com dois olhos tem de chegar devagarinho: há esfinges caolhas em quantidade proporcional a incompetência, preguiça, descaso e vaidade reinantes, e são verdadeiras guardiãs da moral e dos bons costumes.

Prevenido é quem vem com tapa-olho ou mascarado como vaca - nada como se adequar às circunstâncias! (Mas há o problema das circunstâncias, em terra de cego: nada é circunstancial, e, aparentemente, nada muda, nada se transforma, nada se aproveita.)

Em terra de cego, quem tem a terceira visão vai queimado como bruxo na fogueira da hipocrisia.

Gina Girão
Enviado por Gina Girão em 15/11/2009
Reeditado em 21/11/2013
Código do texto: T1924860
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