O PERDÃO

Lacunas na alma que se refletem na vida, há feridas que foram abertas por uns, regadas de álcool e vinagre por outros e acertada por terceiros, no fim, a quem culpar uma enorme área infeccionada de sua alma? A pergunta é: ainda que um sofrimento tenha sido causado intencionalmente apontar o culpado o faz se curar? Eis o ponto, ódio é um veneno que tomamos na esperança de que outro morra, somos condenados por nossa mágoa a ficar aprisionado na espera de justiça, na tocaia que aguarda a queda para ser sorvida com satisfação sádica! E isso, nada mais é que a expressão da perda de nossa percepção real da malignidade cancerígena de nossas escolhas.

“A Dor é inevitável o sofrimento opcional” de Drummond, e “Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você....” de Sartre, são chaves do real significado do perdão, é como comer algo que te faz mal, e de tanta raiva você guarda dentro de você aquela coisa ruim e apodrecida ao invés de vomitar liberando suas vísceras de algo que não lhe é útil. O perdão é um jorro de angustia, antes reprimida de algo que veio a você, que te invadiu, violou, que te usurpou, enganou, mas que entrou em você como um parasita que doeu quando entrou e vive te sugando por dentro. Você fica estagnado até que consiga trabalhar isto, e realmente arrancar esta sanguessuga grotesca. Não pense no outro, o violador e mal como ícone diabólico, afinal, lembre que, maquiavelicamente você é tão sádico e nocivo a outras pessoas de modos que sequer nota!(Reflita e admita!)

Agora uma reflexão adocicada, como ‘sou bonzinho, que maldade fazem comigo’, ‘quem pensam que são para me tratarem com desprezo, me ignorarem, me ridicularizarem’.... ‘Quando eu faço isso tenho mais tato, penso em como as pessoas vão se sentir’, sei a “Tênue linha entre brincadeira e ofensa...”, teve este pensamento de auto-justificação? Sentiu-se sincero consigo mesmo? Duvido... Mentimos para nós mesmos pela incapacidade de encarar nossas falhas, ou de cobrar as dividas que temos com o rigor merecido, e nos condenamos a ter vidas medíocres de ilusões confortáveis, mas entalados de angustia, de uma dor e um vazio inominável que nos impede de sentir as emoções a pleno gozo. Talvez sejamos viciados em ficção ou doutrinados a fingir sorrisos plásticos, imortalidade e sabedoria total...

Quer se curar, afunde na sua angustia, sinta revolta e dor, traga a superfície de sua pele, à luz, olhe para sua dor e veja o que ela tem que você não admite, observe o que você sente, grite, chore, mas depois, abra o coração, e pela sua vontade abra mão de remoer e deixe isso para trás, não é negar a dor e revolta que algo causa, mas é não querer justiça com as próprias mãos, é não esperar que o culpado sofra algo, é deixa que Deus, o destino ou o que você crê que move a roda do mundo faça o que for parte do aprendizado do ser, que assim como você, veio a terra para aprender.

Abra o coração sem usar a mente, sinta e queira abrir mão de uma morte a pequenas doses, para vida abundante e pacifica. A genuína paz é fruto da humildade de sair do lugar de juiz e ver a todos como iguais, compreendendo as dificuldades, incentivando a superação e realizando em conjunto, lado a lado seguindo na caminhada da vida.

T Sophie
Enviado por T Sophie em 27/12/2009
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