REFLEXÃO SOBRE O MESQUINHO

O miserável é aquele que nega o gozar a vida agora e sempre.

Mais do que não dar nada de si ou do que possui aos outros, o pão-duro nega o que tem e até o que não tem a si mesmo.

A vida para ele é pensada e vivida no futuro, sua mente está focada no porvir.

Ele tem medo da falta no amanhã, por isso vive na escassez hoje.

Ele espera por uma catástrofe iminente, assim, vive a guardar para se proteger do desconhecido.

Sua riqueza é apenas virtual, um saldo bancário numa tela de computador. Possui bens materiais que somente acumula, mas de maneira alguma desfruta.

O muquirana talvez seja o ser mais infeliz que existe, pois não usufrui dos bens que ele mesmo construiu e ajuntou talvez por muitos e muitos anos.

Procrastina o bem-estar para um tempo de provável mal-estar.

A vida que possui hoje, o tempo de agora, que é o único que de fato existe, são para ele pouco importantes.

Consegue como ninguém adiar o gozo das coisas do momento para um futuro provavelmente mais próspero, mais propício, ou, mais árduo.

Não sabe, o mesquinho, que ele não possui as chaves da vida e da morte. Que sua vida é como um sopro e está a correr em contagem regressiva.

Felizes serão os seus herdeiros, se não forem mãos-de-vaca como ele.

O miserável, o pão-duro, o muquirana, o mesquinho é apenas um pobre-diabo que rouba dele mesmo, ele odeia a si mesmo, despreza sua própria vida.

Seus tão bem quistos tesouros serão por outros em instantes dissipados, enquanto ele estará, para sua própria felicidade, para sempre inconsciente e aniquilado.

Frederico Guilherme
Enviado por Frederico Guilherme em 20/01/2010
Reeditado em 21/01/2010
Código do texto: T2041663
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