As ironias e loucuras deste amor...

Dedico-te versos, pensamentos, noites insones e lágrimas. Não culpo-te por minhas desilusões, mas culpo-te por não saber regar meu amor e deixá-lo as vezes murcho. Talvez eu somente seja uma tola sonhadora, que crê em bobagens, talvez baste a todos ser apenas distração ou prender-se para que a solidão não corroa, na ilusória tentativa de burlar a condição de ser avulso e sem par. Talvez sonhemos com os silêncios pelo simples fato de caber nos olhos do outro o que gostaríamos que este sentisse. Talvez a doçura do amor esteja entre aquele instante em que dizemos ao mesmo tempo alguma coisa, mas simplesmente desapareça quando a rotina afoga em mesmice nossos sonhos.

Teus olhos são mares profundos, algo de inalcançável, abismo que não se permite vislumbrar o fundo. Há em mim um misto de medo e duvida, pois te sinto estranho, como quem deseja sem saber como ter, acostumado a amores etéreos e desvaloriza algo que poderia durar para sempre. Ou pensas que encontrar alguém que veja a nuance bela de suas loucuras é um comum? Achas em qualquer esquina que te sonhe a noite sem achar-te só mais um? Eu posso te ver, você para mim existe e é algo como a luz da lua, mistério e beleza, em grandeza e sutileza...

Acostumei-me há muito ser carne vestida, corpo desejável, não por ter as curvas ou medidas mais perfeitas, talvez pelo meu jeito de menina/mulher, ingenuidade e sedução com doses semelhantes de insegurança e confiança... Dualidade intrínseca em um ser solitário, perdida por aí, com minhas armaduras pesadas, meu medo alojado com suas unhas encravadas em minha carne, uma mártir de suas próprias crenças não cridas. Mas suportando, no mínimo, meu estado em solidão sem necessariamente sofrer com esta, companhia? Nada mais fácil de se encontrar... Cumplicidade e sintonia: pensava ser impossível de se encontrar.

Às vezes o que nos ganha não é um conjunto de grandes virtudes, mas uma dose de pequenas e adoráveis loucuras. Algo entre e o infantil, lúdico e o irônico, a este doce veneno que é a ironia me encanta, talvez pela sua exigência de atenção ou conhecimento prévio, talvez pelo seu claro sadismo, mas talvez por ser simplesmente aquilo que diz o que deveria ser dito, sem necessariamente ser grosseiro ou agressivo.

Há em nosso amor alta dose de ironia, frieza, distância, mistério, e este sabor agridoce, esta troca de farpas e gemidos, esta linha tênue entre o desejo e a obsessão, entre controlar e libertar que me enlouquece, pois minha dualidade já me mata, imagina ver-me diante de um semelhante tão oposto! Somos as duas faces de uma mesma moeda? Somos o reflexo, que apesar de semelhante é inverso? Somos a expressão da ironia ou apenas cegos que insistem em algo que é falido por natureza? As duvidas são expressões comuns do relacionar ou expressões da gritante insensatez de nossa proximidade?

Eu te mataria para ter minha paz, e morreria para que te encontrasse em algum lugar e a pudesse novamente perder. Eu te amo com a raiz dos cabelos, mas não hesitaria em te deixar por algum motivo simples, pois o que sinto me maltrata, me mata, me faz sentir ódio e amor com uma facilidade sem igual. É como se me incitasse acordar o anjo e o demônio ao mesmo tempo, e me faz desejar maltratar-te de amor, amar-te com dor, dominar e possuir, ser o centro de tudo que é seu mas estar longe o suficiente para não te colocar no mesmo lugar em minha vida.

Enlouqueço por amar-te, mas pergunto-me onde existiu maior sanidade que neste momento em que tudo parece ter um novo sentido, e me dá forças para caminhar?!

Amo-te com a mesma força que odeio-te, e é para sempre...

T Sophie
Enviado por T Sophie em 01/02/2010
Reeditado em 09/02/2010
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