Eterna mãe

Ontem, estive com a minha mãe. Como vivemos distantes um do outro, naturalmente, tenho saudades dela. É uma velhinha toda para a frente. Muito bonita.

- Todas são, eu sei, mas a minha é mesmo linda.

Tem 82 anos, para trás muito sofrimento. Mas sorri. É uma lição viva.

Cada gesto dela mostra o caminho. Sente-se bem com ela própria, não depende de ninguém para pensar. É muito independente. Vive na cidade e conhece todos os autocarros. Vais às suas missas, passeia e tomá café, sempre acompanhada do seu livrinho de Sopa de Letras e a infatigável caneta para riscar as palavras encontradas.

Almoçamos sempre juntos nesta visitas relâmpago. Nos tempos em que meu pai era vivo, animavam a festa os dois. Discutiam bastante e eu ria. O meu pai era malandro e a minha mãe gosta das coisas direitas. Faiscavam (risos).

Sem ele, falamos de nós. Ri muito e é muito engraçada. Na despedida age como se fosse apenas um até logo. Tentam sempre ser mais fortes que nós. Se calhar é mesmo um até já, logo falo com ela por telefone.

É a minha mãe. Sempre eterna mãe, que me carregou no ventre, sofreu no meu nascimento. Passou dissabores comigo e com meu pai, além dos criados pela vida. No entanto, continua feliz e ávida da vida.

Alguém disse que as mulheres são adoráveis.

- São com toda a certeza. Sempre em todos os momentos.

Quando olho para minha mãe sei porquê.

Kadú
Enviado por Kadú em 10/02/2010
Código do texto: T2079162
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