Talvez amanhã... ou depois.

Talvez amanhã seja meu dia de sorte. Talvez eu resolva acordar mais cedo para caminhar, e depois volte para casa para tomar um café da manhã e arrumar meu quarto. O que fará toda diferença para o decorrer das minhas horas. Talvez na próxima noite, eu resolva ligar o rádio e ouvir uma música romântica em alguma estação de rádio, e goste da música, e apesar de eu não me lembrar dela inteira, posso passar a semana toda cantando seu refrão.

Talvez um dia eu passei pela rua e resolva ir a uma biblioteca, e encontre a sessão de literatura, e quem sabe, você não esteja lá? Talvez você esteja procurando um livro de 350 páginas, enquanto eu procuro por um romance de 130. E eu pare um pouco muito perto de você, e possa ouvir o refrão daquela música que eu ouvi a uma semana atrás tocando no seu fone de ouvido que está pendendo pelo seu pescoço. E sem perceber eu comece a cantarolar o refrão baixinho, e continuo a procurar por um livro. Não percebo, mas você está me observando e pensando: porque ao invés de cantarolar, ela não abre logo a boca e canta?... Porque? Porque eu não sei nada, além do refrão...

E você encontra seu livro tão desejado, e sai por outra fileira, pega um copo de água e bebe lentamente, enquanto eu continuo a caça do meu pequeno livrinho. E você percebendo que eu não encontro nada que me alegre, resolve ir em minha direção, para ao meu lado disfarçadamente e percebe que eu nem notei sua presença, com isso, você sorri, afinal, estou completamente nas núvens e perdida em meus pensamentos, ainda cantarolando...

Você pára e coloca sua mão lentamente em meu ombro, dou um leve pulo e te olho perguntando se posso te ajudar em algo, mas quem precisa de ajuda sou eu. Você olha para os livros, e como se soubesse o que estava fazendo, desliza os dedos por eles e pega um, pequeno, de capa dura e vermelha.

É, eu hoje te olho, sentado em nossa cama de casal lendo um novo e enorme livro e penso: é você.

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Daiane Lopes
Enviado por Daiane Lopes em 17/02/2010
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