Passageiro

Ó céus!

Quão sublime é a luz que tu derramas sobre mim.

Quão obscura é a sombra que a nuvem-tempestade vem trazer.

Ela vem e encobre tão sublime luz como se nada fosse, como se tivesse o poder de sobrepor a onipresença luminosa desse céu.

E por aqueles dias, aquelas horas, aqueles breves instantes que sejam, parece engolir com sua fome insaciável tudo de bom e belo que tal luz revela.

Mas mesmo que o terror se abata sobre mim e inunde meu coração tal qual a onda que supera em muito as maiores eiras das maiores casas, a verdade é que o terror vem apenas lavar-me preparar-me para a luz seguinte.

Tal como a onda carrega o que é bom e o que não é sem distinção; tal como a onda, tal como a chuva, tal como a nuvem, todo terror é passageiro.

Independente do tamanho da tempestade.