ATÉ QUANDO NOS PERMITIREMOS VIVER NA IGNORÂNCIA!

Sim, cansei-me de tanta ignorância.

Hoje acordei com a indignação entrelaçada nas veias do meu coração. “Não admitirei viver entre os pelegos!” Imaginei, enquanto fazia minha profilaxia dental, atividade rotineira, porém de extrema importância!

Acordei com o desejo quase insano de saber a verdade, de entender porque as pessoas se sujeitam tanto às normas de uma sociedade em decadência. Como seria agradável se todos seguissem os mandamentos de Jesus, que são simples, e somente dois: “Amai a Deus acima de tudo e aos outros como ama a si mesmo!” Eis o grande equívoco. Como poderiam esses mandamentos funcionarem aqui, neste pedaço de nada no Universo, onde as pessoas não sabem amar a si mesmas, então, de uma forma quase osmótica e conseqüentemente, não são capazes de amar a outros, sejam lá quem ou o que forem.

Todo ser humano nasce com a mesma capacidade mental e sentimental. A natureza é perfeita e referente a isto, concordo em gênero, número e grau. Porém, entretanto, e feliz ou infelizmente, não é culpa de nossos pais. Somos domesticados dia após dia, a sermos exatamente o que a nossa “sociedade em decadência” determina, assim como eles mesmos foram criados e simplesmente repassaram essa doença para a próxima geração. Somos domesticados a viver baseados no medo. Medo de errar, medo de ser julgado, medo de não ser aceito pelas outras pessoas sendo o que realmente somos. Resumindo, vivemos uma mentira em todos os sentidos. Somos uma mentira imposta pelos nossos medos - medos esses que permitimos que se tornassem reais em nossas mentes e que agora é o motivo de nossa decadência e de nossa incapacidade de amar e de seguir os simples mandamentos de Cristo.

A vida é baseada na ignorância. É difícil assumir isto, mas é de extrema importância que seja aceito, e diria até mais do que isso. Diria sem pestanejar de que é preciso ser entendido o real sentido dessa palavra: ignorância.

Não me refiro à ignorância como sendo incompetência, mesmo tornando-se isto no final, mas refiro-me à ignorância como sendo o estado da falta de ciência e de saber, seja por falta de informação ou por falta de interesse das pessoas.

Hoje acordei me remoendo em meus pensamentos e sinceramente não compreendo o porquê das pessoas se recusarem a parar de serem ignorantes. A resposta mais óbvia que veio à minha mente foi: medo!

Pessoas têm medo de saber a verdade porque a verdade tira o ser humano de sua zona de conforto. Pessoas são preguiçosas, não aceitam desafios, não se contentam em ter que trabalhar seus próprios pensamentos e conseqüentemente suas atitudes, e preferem viver como ignorantes, usando como desculpa para si mesmo, que fazem isso por conveniência. Sim, é mais fácil conduzir a vida dessa forma, mas essa atitude não faz de ninguém menos ignorante.

Vejo o ser humano vivendo na mais profunda escuridão – causada pelo medo e todos os seus efeitos: egoísmo, raiva, vingança, prepotência, infidelidade, deslealdade, amargura e assim por diante – a lista é infinita.

Imagine-se ter nascido em um quarto escuro e ter ficado dentro dele por toda a vida. Neste quarto escuro tem somente uma porta destrancada, onde a luz é intensa e está à sua espera, te chamando. Como o ser humano é um animal totalmente adaptável a qualquer ambiente, você se acostumou a viver nesse quarto escuro e tudo o que você precisa pra sobreviver (sim, é sobreviver mesmo) está ao seu alcance. Você não precisa enxergar nada, sabe onde está cada coisa e por ser mais conveniente, você tem medo de abrir a porta e ver o que te espera do lado de fora. Por algum motivo, em um belo dia, essa porta se abre timidamente, deixando adentrar somente uma fresta de luz, e você se sente incomodado e logo pensa: “Eu não consigo ver nada!” Então, por medo, você chega perto da porta e ao invés de abri-la e finalmente usufruir de toda a liberdade, vivendo na luz, você prefere fechar a porta e continuar no seu mundo escuro e conveniente, pois não sabe o que tem lá fora e é melhor não se arriscar. E com um sorriso enganoso diz a si mesmo: “Legal, agora estou melhor e posso continuar acomodadamente sobrevivendo! Essa luz me cega, prefiro ficar aqui, estou seguro!

Incoerente, não é mesmo?

Essa analogia eu recebi em um de meus sonhos que tive nesta ultima semana. Acordei pensativa e tentando decifrá-lo, cheguei à seguinte conclusão:

O quarto escuro é a nossa mente. Criamos todos os pensamentos de forma conveniente para que não precisemos abrir a porta e sermos cegados pela luz.

A porta é o conhecimento.

A luz é a verdade nua e crua sobre tudo o que somos e tudo o que está à nossa volta. A verdade é sempre impiedosa.

Quando estamos muito tempo em um ambiente escuro e de repente alguém acende a luz, perdemos a visão clara das coisas e essa luz nos incomoda porque não estávamos preparados para ela. No entanto, de forma bem vagarosa, se permanecemos com a luz acesa, nossa visão volta ao normal e conseguimos enxergar as mesmas coisas de uma forma mais detalhada e se tivermos coragem, poderemos ver tudo como realmente é.

Da mesma forma é nossa vida. Se tivermos coragem de encarar o medo da verdade, e nos predispormos a enxergar as coisas em sua real forma, interior e exteriormente, seremos livres de fato, pois na luz não há lugar para o medo. Isso se deve ao fato de o medo não ser necessário, pois na luz enxergamos nitidamente tudo ao nosso redor e sabemos exatamente onde devemos pisar. Não há perigo de derrota, pois na luz a liberdade nos faz vencedores, sempre!