Preocupação ou intromissão

(Texto antigo, mas tá valendo)

Deve existir uma linha muito tênue que separa a preocupação da intromissão. Inúmeras pessoas intrometidas desculpam-se pelo fato de se meterem na vida alheia alegando que estão preocupadas com a pessoa objeto de seus comentários malévolos, mas sequer levam em consideração se o fato de estarem comentando sobre uma vida, que não lhes pertence, pode ou não magoar esta pessoa.

É certo que quando nos preocupamos com alguém, quando consideramos e amamos muito uma pessoa, desejamos o seu bem e a qualquer sinal de que a vida poderá lhe pegar uma peça e fazê-la sofrer, entramos em estado de alerta e desejamos a qualquer custo resgatá-la do “perigo”.

Há um certo tempo fiz um curso que me ensinou muito, um curso que foi uma verdadeira lição de vida. Sabe o que aprendi? Que por mais que amemos alguém não podemos decidir por ela ou impor nossas opiniões. Às vezes aquele que nos procura para conversar não deseja que despejemos sobre ele nossa “vasta” vivência, repleta de “comigos”, “piores”, “melhores” ou inúmeros “isso vai passar”; talvez essa pessoa apenas queira ser ouvida, queira dividir com seu interlocutor o pesar que lhe abriga o coração ou a alegria que lhe transborda. E, sem mais nem menos, recebe um belo balde de água fria. Se estava triste, a tristeza aumenta e se estava alegre, a alegria se esvai. E lá vem a frase: estou dizendo isso porque me preocupo com você. Preocupação ? Ou intromissão?

É hora de refletirmos, de analisarmos se estamos apenas nos preocupando ou nos intrometendo na vida alheia. Antes de levar adiante a vida de alguém, pare e pense : o que você está transmitindo irá ajudar em algo a vida da pessoa em questão ou apenas irá semear a semente da discórdia? Antes de se reunir em rodas e comentar se a vida de determinada pessoa anda bem ou ruim, pare e reflita: como anda a sua vida?