OS SONHOS E O TEMPO

Os sonhos são alados e quando menos se espera eles perdem as asas e caímos no mais negro abismo do qual não sabemos se vamos sair. É uma tal de luta, uma subida íngreme, até que conseguimos, não sem ferimentos dolorosos em nossa alma que resultam em cicatrizes muitas vezes profundas, chegar ao topo da realidade para continuar a ter esperança, em fim seguir vivendo, até que um dia vemos com clareza que o tempo destruiu as formas curvilíneas do nosso corpo, pôs neve em nossos cabelos e a névoa enfraqueceu nossa visão, os nossos músculos estão flácidos e o nosso andar é trôpego arrastando nosso corpo encurvado, mas a nossa mente, para esta sim, o tempo ainda não foi danoso e continua lúcida, as lembranças do passado saltam como crianças brincando. Escrevemos sobre elas como se um filme passasse diante de nossos olhos, que mesmo cansados, enxergam as mínimas nuanças das cores do passado distante. A nossa alegria de viver é imensa, a senectude não nos tirou o prazer de falar ou escrever sobre as coisas belas da vida exaltando-as, ou elevar , bem alto, o nosso protesto pelos males que se propalam pelo universo, mas, ( há sempre um mas) como não podemos parar a ação do tempo, esta mente hoje lúcida um dia vai eclipsar-se e não haverá mais sonhos , será o fim, o ponto final da vida terrena.

Lucilia Cavalcanti
Enviado por Lucilia Cavalcanti em 24/04/2010
Código do texto: T2217197
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.