Rendo-me

A vida e as pessoas têm me mostrado algumas coisas.

Não sem dor, mas com coragem e sem medo de errar, descobri a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar minha alma.

Que o amor não significa apoio e que companhia quase sempre não significa segurança.

Presentes não são promessas e beijos não são contratos.

Assim, aceito minhas derrotas com alguma tranquilidade, me meto em tudo, não tenho medo de errar.

Já não sou tão severa comigo mesma quando acontece.

Não quero ser surpreendida pelas coisas que deixei de fazer.

Agarro o vento, afasto-me de portos seguros, exploro e sonho.

Aceito minhas dores, cresço com elas.

Sou desacomodada por natureza.

Não aceito penitenciar-me da vida.

Rendo-me a ela.

“Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.”

Clarice Lispector