Desmistificando o mito

Fico assistindo esses "contos de fadas" modernos que passam nas novelas e me dou conta de como mudei de uns anos pra cá. Se fosse há um tempo atrás eu já estaria nutrindo uma paixonite aguda pelo protagonista do tal romance , perdida em meus devaneios, passando dias e noites a sonhar acordada querendo um dia encontrar um homem igual aquele da novela para viver aquele conto de fadas.

Hoje em dia não me comovem mais esses amores perfeitos, acho até muito melosos. Agora sonho ou talvez racionalize um amor diferente, porque acho que a essência do amor e até sua estrutura mudaram com o passar dos tempos.

Antigamente se idealizava encontrar a alma gêmea, sua cara metade e viver um grande amor ao lado do seu par perfeito. Isso tudo acabou se desmistificando, acho que acompanham o avanço da tecnologia moderna, talvez qualquer dia sejam robotizados até.

Tanto alma gêmea, como cara metade e par perfeito saíram de moda, não são mais tendência da estação.

Para minha surpresa e quem sabe satisfação, meu ser, minha essência também tem acompanhado todo esse avanço tecnológico...

Sim, minha visão romântica sobre tudo isso se transformou e posso dizer que está bem moderninha por sinal.

Atualmente minha visão de alma gêmea seria de alguém semelhante demais, seria olhar no espelho e ver apenas a mim mesma, algo nada surpreendente para se viver em relacionamentos amorosos, onde nutrimos expectativas exageradas demais.

Cara metade seria encontrar alguém mal resolvido, imaturo, sem experiência de vida, cheio de medos e frustrações, com uma bagagem inacabada.

Par perfeito seria viver a rotina tão normal do dia a dia, com tudo metricamente planejado, como se fosse feita uma planilha de funções diárias.

Qualquer uma dessas opções seria totalmente entediante e até frustrante.

Não quero a tal alma gêmea, alguém tão parecido comigo, com tudo combinando, cheio de concordâncias. Quero é uma pessoa totalmente diferente, que seja o avesso de mim, pois me ensinaria a conviver com a diferença, me daria a maturidade de respeitar a individualidade tão desigual de outra pessoa.

Também não quero cara metade, pois para mim metade está longe de se tornar inteiro, e o que não é inteiro, é migalha e não quero viver de migalhas. Quero alguém inteiro, bem resolvido, mas sei que para isso acontecer de forma harmoniosa eu preciso antes aprender a ser inteira, me resolver como mulher e ser humano. Aprender também a ser cada vez mais feliz comigo mesma, apreciar sempre a minha própria companhia, respeitar meus momentos de solidão e com isso ir tomando as formas que preciso para me tornar inteira.

E quero menos ainda um par perfeito, pois dai eu também teria que ser perfeita e isso é algo que não desejo, perfeição é algo que tornaria a vida entediante, sem emoção. Seria uma coisa morna, sem temperatura definida. Prefiro os extremos, o desafio das descobertas a cada novo dia.

Quero encontrar uma alma diferente, mas totalmente inteira, longe da perfeição que tornaria meus dias iguais e sem graça.

A evolução de conviver bem com o novo, inesperado e surpreendente, transformando a vida na anormalidade insana que tanto alimenta minha alma louca e impura.

Deby Lua
Enviado por Deby Lua em 07/05/2010
Reeditado em 02/10/2010
Código do texto: T2243672
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