Se Deus quiser

“Se Deus quiser, um dia eu quero ser índio

Viver pelado, pintado de verde num eterno domingo”

(Rita Lee)

Viver da terra que planto, dividindo com o bando.

Fugir deste mundo doido cheio de roupas e jóias,

De carros e glórias,

Emitindo no ar a podridão daquele verde doentio

Que aprisiona os urbanistas na correria do dia a dia.

Corre pra lá, corre pra cá, e finda sem chegar a algum lugar.

Prefiro está no mato pulando de galho em galho,

Não chego a algum lugar, mas posso visitar o mar

Com suas maravilhas e calmarias,

Que no fim do dia lá está o que preciso:

Apenas as colheitas da terra, minha rede e o carinho de meus companheiros.

Se Deus quiser um dia quero ser índio!

Porque essa demora do feijão e arroz a chegar ao meu prato

Já está dando tontura.

Os remédios tão caros e a febre alucinógena não quer baixar.

Chego no caixa e lá está, tudo zerado

Ligo pro financeiro do meu trabalho, e a resposta:

“Não tem previsão!”

Mas a conta do meu cartão, da água, da luz, da feira, da escola, da faculdade...

Isso sim tem previsão. “E agora José”, o que vou fazer

Estou presa a essa corja de “animais” que fazem tanta falta no fim do mês

E os “animais” do palácio esse voam bem alto.

Se Deus Quiser um dia quero ser índio!

Até quando terei que aturar essa grande confusão?

Talvez possa ser um retrocesso, mas viver com meu bando em grande união

Isso sim me deixará livre do grande vilão. (capitalismo).

Lídice França
Enviado por Lídice França em 03/06/2010
Código do texto: T2297174
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