LÁGRIMAS

Senti-te sofrer em noites de pranto

Senti-te esconder debaixo do manto

Senti-te viver sem corpo e sem alma...

Lágrimas de dor que geram revolta

Impulsos famintos de uma raiva à solta

Que tanto me dói e me tira a calma

Teus olhos de água que falam comigo

Tuas mãos cruzadas perto do umbigo

Tua voz meiga de rosa imperial...

Lágrimas que banham tua face branca

Que te dilaceram como quem te espanca

E se me transmitem de forma brutal

Batam-me, sujem-me, levem-me o sorriso

Cortem-me o passo, destruam-me o piso,

Levem-me à falésia, mostrem-me o alçapão...

Arranquem-me os dedos, levem os anéis

Mostrem-me um estojo mesmo sem pincéis

Exibam-me tudo, mas tuas lágrimas... NÃO

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 04/09/2006
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