Uma noite quando o mar bramia dentro de mim, fui procurar conchas na areia.
E vi que, na solidão noturna a fúria do mar era mansa como uma criança.
Mas no meu desespero, na solidão, não era mais feroz que uma revoada de pássaros.
A furia do mar só se faz sentir quando há vento e tempestades.
Portanto o que sentia não era nada mais que um anseio natural como um açude talvez, pois ao dar-me a liberdade tirei de minha alma tempestades e as transformei em ondas meninas que tagarelas deitam-se aos meus pés.
Me senti como elas voltando ao meu passado já tão distante.
Senti o amor, fechei os olhos e tudo se foi por encanto, fiquei somente eu mesma com meus devaneios.
O bramir do mar e suas ondas calmas me fizeram refletir que o meu sentir era apenas um grãozinho daquela imensidão de areia.