FECHO OS OLHOS...
Fecho os olhos… com a escuridão não me atormento
Porque vejo o mesmo que com eles abertos… Nada!...
É como se fores ao longo de uma estrada
E teres o caminho a fugir direito ao vento…
Fecho os olhos e junto-os ao terramoto
De quotidianos abstractos e sem sentido
Num cocktail variado e bem mexido
Em elitismos que de amorfos nunca voto
De dia, de noite em cavernas pouco ousadas
Vidas esquecidas em balões de inconsequência
Na cumplicidade de uma total abstinência
Dos valores originais das alvoradas
Nascemos simples e com choros tão gemidos
Mudamos face aos trapézios sociais
Se temos pouco queremos muito mais
Por vezes espezinhando os entes queridos
Aperto as mãos em jeito de dor e ânsia
Fecho os olhos… não quero ver o que me envolve
Se vejo que o meu protesto não resolve
Prefiro viver na total ignorância.
Ângelo Gomes – 2/7/2010