A vida é uma música...

A vida é como uma música, um dos meios de manisfestação cultural mais antigo, sempre tocada ritmos diferentes, tocada por pessoas diferentes em diferentes partes do mundo. Não obedece uma lógica própria, as vezes não faz sentido, mas não precisa mesmo, há coisas que são apenas para serem apreciadas e não para serem compreendidas.

Alguns dançarinos sairão mais cedo do salão, sentirão vergonha de dançar desafinados e acharão que não servem para o baile, serão covardes e terão vergonha das gargalhadas humilhantes. Outros porque não serão aceitos pelo seu modo diferente de dançar, seu modo diferente de apreciar a musica, outros serão expulsos por um dançarino armado, suicida, um louco cego por suas ideologias, que fará de tudo para que todos sigam os seus passos.

Difícil dizer que música é certa ou errada, melhor seria deixar cada um balançar como quiser. Há dançarinos que dançam em ritmos diferentes, alguns mais lentos outros mais rápidos, mas a velocidade é sempre variável, não dá para comparar a vida como um carro, que é sempre limitado, a vida é ilimitada, é preferível que ela não faça sentido e nem tenha um limite de velocidade. Pois a estrada da existência precisa de criatividade é perigoso demais ser criativo em alta velocidade, o carro pode capotar.

Nunca se sabe de onde surgiu a música, em um bar? No banheiro? Em uma sala de aula? E para aonde vai a música é mais difícil ainda prever, vai para a televisão? Ficará engavetada até que um louco toque e divulgue? E nós para aonde vamos? Para o céu, para o inferno? Vamos virar pó? Vamos virar almas e reencarnar em outro copo? Quem fez a música que você escutou ontem, foi mesmo o cantor ou ele é um plagiador?

É claro que os gostos de vida, digo, musicais, são variáveis, alguns gostam de rock, um ritmo acelerado, um estilo hard core, alguns gostam de uma coisa mais lenta, estilo clássico, nós brasileiros parecemos mais com a bossa nova, um ritmo despreocupado, de quem canta desafinado. Mas depende da região, na Bahia, no Rio de Janeiro e em São Paulo, os dançarinos parecem dançar todos músicas diferentes. Hoje, quem sabe, nós brasileiros, se for possível generalizar, parecemos mais com o funk, pouca letra, sempre repetindo as notas, basta ver os votos.

Seria difícil viver sem musica, seria sobreviver... Quem já perdeu o gosto pela musica, provavelmente perdeu o gosto pela vida. Mas é muito difícil prever até que ponto a vida pode ser dançada e em que momento devemos ficar parados.

È bem verdade que algumas pessoas tentaram impor seu estilo musical, Hitler, por exemplo, não foi bem sucedido, tanto que vendo seu erro resolveu por si só parar de escutar. Fidel e Chaves também estão tentando loucamente ensinar a sociedade um ritmo só, mas para sua infelicidade, nem todos gostam da música. Se é bem verdade que na ditadura do Brasil fizeram-se boas músicas, não foi por agrado, mas por desespero. Mas poucos discordarão que a música onde tem liberdade é sempre mais agradável.

A vida, assim como a música, será mais bem vivida/ouvida com liberdade, permitindo-se escolher os melhores ritmos, dançando conforme os melhores dançarinos, escutando quase tudo, mas sabendo selecionar o que deve ou não tocar na rádio e se por ventura errar o passo ou pisar no pé do companheiro é preciso recomeçar a dança e treinar melhor o ritmo, até que nos tornemos bons dançarinos, cantores, e possamos ensinar outros a dançar. Bem provável que a maioria morra sempre pisando no pé, desafinados, mas talvez seja sempre assim, talvez seja uma dança para poucos bons bailarinos, prontos para aceitar que o calo no pé, a dor nas juntas, o sangue que escorre pelo corpo, faz parte da dança frenética que é a vida.