Preciso ir

Tem uma frívola palavra em cima do criado-mudo. Ela diz "Adeus"...

E você nem percebeu, que eu estou delirando na fuga, evadindo no sonho, cintilando por debaixo da manta.

Você nem me tocou, nem me lambeu, nem me esquartejou ou me jogou aos cães... Você é perfeito para os que peregrinam desassossegados pelas vias errantes do desejo;

você nem me lambeu!

E eu estou despertando, o chuveiro é indubitável... gritando: é lá fora! É lá fora... e eu não queria.

Evito acordar... é um delírio gostoso. Será necessário partir? Mas de certo não precisa ficar. Já está vestido, como quem tem o que fazer... como quem esqueceu a vida nos corpos cimentados do urbanismo selvagem. E eu preciso ir...

E nem queria!

Mas é a minha casa... que exala dele tudo que de mais agradável a memória reteve. E eu preciso ir... e não posso deixar de querer.

Tem uma pesada palavra que insiste em não sair... Ela diz...

Preciso ir!