Minha torre de papel

É estranho eu pensar assim, mas minha família não é minha fortaleza como diz a vida. Não consigo me refugiar às pessoas que tenho laços sanguíneos e sair pronto pra outra. Me sinto trancafiado, meio que isolado, não se eles estão diferentes ou eu mudei meu jeito de pensar. Sinto tanta dificuldade em estar perto deles e isso era pra ser totalmente ao contrário. Me sinto tão bem nos braços da minha namorada e dos meus amigos, parece que eles me conhecem bem melhor ou a bem mais tempo. Me sinto bem em contar segredos e dilemas que vivo à pessoas que conheço a menos tempo do que chegar em meus pais e pedir um conselho. Está tudo tão mudado, tão estranho. Me sinto sem saída, trancado em um baú com sete segredos de chaves diferentes e que só algumas pessoas tem esse segredo e podem me tirar desse buraco.

Meu relacionamento anda tão distante, tão sem sal, sem açúcar, com pessoas que limparam minha bunda suja de merda. Sempre vi brigas e mais brigas, foram momentos marcantes que levo em minha mente. Vejo minha família como uma torre que se constrói e se desmorona em segundos com um simples bater do vento. Existem muitas verdades e inverdades que depois de tanto tempo nem sonho em descobrir o que de fato se passou, me refiro a separação de meus pais, já fazem 15 anos e não faço idéia do que aconteceu. Mas nessa altura do campeonato nem quero acho que seria dar sopa pro azar. Depois com o falecimento da minha avó materna tudo realmente se acabou, cada um foi pro seu canto e acabou aqueles domingos gostosos quando todos se reunião em torno de uma bela macarronada. Isso nunca mais aconteceu. Nesses últimos 11 anos eu cresci virei um homem, levei tapas e mais tapas na cara para me tornar um homem, mas ao passar do tempo outras pessoas regressaram no tempo. Tenho um relacionamento péssimo com meu padrasto, onde nos limitamos a um "oi" e "tchau", apenas isso. E vejo que ao invés de nos aproximarmos nesse tempo nos afastamos cada vez mais. Tenho minhas idéias e ele lógico tem as dele, mas é tudo tão diferente. Penso que ele é mais infantil que a própria filha que tem 2 anos só. Prefiria às vezes não voltar ao ver a cara de cú dele olhando pra mim.

Mas enfim, tudo mudou, não sou mais o mesmo, e eles também não. Espero que tudo mude denovo, espero que tudo se recicle e que ao vir mais um furacão essa torre se mantenha firme e de pé.