MOMENTOS...

Rasgo o coração de sangue coalhado,

De uma vida trivial e corriqueira,

De sons com o zumbido de uma feira,

De acres como um iogurte retardado

Rasgo o peito de entregas mal vividas,

De ingratos e dizeres mal encaixados,

De linhas e corredores enviesados

De súmulas e lembranças mal sentidas...

Rasgo a face que suporta os olhos,

De mal ver e péssimos carinhos,

De um sabor igual a tantos vinhos,

De um prédio a que não faltam escolhos...

Rasgo o corpo, dilacero a sorte,

De uma vivência de sorriso e choro,

Como se o corpo se juntasse ao coro

Que a todo o momento me deseja a morte...

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 14/09/2006
Código do texto: T240185