Observatório

Estive observando o mundo, de um lugar não tão incomum, mas normalmente não visto pelas pessoas. São muitas oportunidades e às vezes, as deixamos passar mais que uma vez. São muitos sentimentos, correndo pelas pontas dos dedos destas pessoas, cada qual com um problema e uma dúvida para contar e indagar.

Acho que não sou mais o que eu queria e pensava ser, mudei como todos mudam.

Ah Meu Deus, como ser adulto é dificil. Estou descobrindo as dores de uma criança revestidas de maldade, rotuladas de paixão e distanciadas de amizade.

E ser sozinho não é o que a gente deseja.

A vida parece ser legal de fora, mas se eu pudesse dizer, diria: "Não venha! Aqui é muito perigoso!". As pessoas são cruéis umas com as outras, não se importam mais com a essência, não cultivam mais os sorrisos e nem ligam mais para as pequenas coisas.

E os gestos?

Os gestos agora são apenas lembranças.

A gente acaba se acostumando, acaba sentando no mesmo banco do ônibus, observa sempre com os mesmos olhos as mesmas ruas, cada vez mais abandonadas pelo desprezo de um sonho nunca mais sonhado. Sonho roubado e deixado.

A gente se acostuma.

A criança que espera sozinha em casa agora caminha, o corpo parece maior, a pele um pouco mais envelhecida, mas o coração... Ah, sim, o coração... é o mesmo! E acho que ela ainda espera...

Não sei se espera um abraço, se espera uma força, ou se espera a própria vida...

Mas no final, a gente se acostuma...

E esperar, observar e sentir o mundo girar e tudo mudar acaba sendo normal.

E agora, estou aqui como sempre estive...

Olhando as pessoas levarem seus corpos para casa depois de um longo dia de trabalho e verem que não são mais os mesmos...

E que deixaram no passado algo muito certo e peculiar...

Deixaram lá nos olhos inocentes de sua infância...

A razão de suas vidas.

A expectativa.

A perspectiva de sonhos que talvez jamais sejam alcançados...

Mas sempre passivos de serem sonhados.