Novos tempos dourados

Olá, amiga, prezada guerreira.

Vivemos em um mundo de gente anestesiada para quem aquilo que você sente e expressa são coisas do destino ou mera abstração. Consideramos normal haver ônibus e trens socados de gente, em pé e sentados, o dobro da lotação que comportam. Perdemos duas horas por dia em engarrafamentos intermináveis e que não decorrem de acidente ou de obra ou conserto na via. E até nos vangloriamos dessa situação que atribuímos ao crescimento e ao progresso, como se fossem indícios de desenvolvimento. Nos hospitais e clínicas, filas demoradas para consultas e internamentos. Consideramos normal haver filas nos bancos e nas repartições. E é tudo como se fosse inerente ao progresso e não decorrente da falta de políticas e de investimentos em ruas, avenidas, viadutos, metrôs, estradas, postos de atendimento adicionais, ou como se não fosse decorrente de um crescimento demográfico fora de controle e da falta de oportunidade de trabalho nas cidades interioranas a gerar a migração para as cidades maiores e para as capitais; Com o esvaziamento do interior, menos população, menos empreendimentos e menos oportunidades de trabalho nas pequenas cidades, reforçando o processo e tornando-o irreversível. E a economia vai bem à custa dos subsídios, dos longos prazos de financiamentos a taxas de juros que só enriquecem os bancos, da moeda de plástico, das isenções de impostos para setores-chave que prosperam pela contrapartida das parcerias com os governos onde atuam como mantenedores dos postos de trabalho. E há transferências de recursos em nome de uma política de distribuição de rendas e toda a artificialidade dos mecanismos do modelo econômico. E enquanto isso geramos caixa que permite ao País comparecer no cenário mundial como emergente a pleitear representação e representatividade, financiando outros países antes de resolvermos os nossos problemas internamente, como se não fôssemos um País de infraestrutura, saúde, e educação as mais precárias. E disso tudo nos orgulhamos.