Não tenho apego a maioria das coisas materiais, acredito que nossa energia deve ser renovada e por isso constantemente faço doações de roupas, sapatos, bolsas, enfim do que não uso mais. Mas tenho uma grande dificuldade de me desapegar dos meus livros. Há dois anos, quando mudei de residência doei cerca de 200 livros, pois não teria lugar para abrigá-los. Quando fiz a seleção dos livros, alguns, mesmo velhinhos, não tive coragem de dar. Ontem enquanto procurava um livro antigo encontrei “O menino do dedo verde” que ganhei da minha amiga Lenilda em 1978.
Abri-o ao caso e reli essa passagem dentre muitas selecionadas na época da leitura.
 
“O Dr. Milmales esperava Tistu atrás de sua grande mesa niquelada, repleta de livros.
- Então, Tistu - perguntou ele - que foi que você aprendeu? Que sabe de medicina?
- Aprendi - respondeu Tistu - que a medicina não pode quase nada contra um coração muito triste. Aprendi que para a gente sarar é preciso ter vontade de viver. Doutor, será que não existem pílulas de esperança?
O Dr. Milmales ficou espantado com tanta sabedoria num garoto tão pequeno.
- Você aprendeu sozinho a primeira coisa que um médico deve saber.

- E qual é a segunda, Doutor?
- É que para cuidar direito dos homens é preciso amá-los bastante.
Maurice Druon, In  O menino do dedo verde, 1978, 20ª Edição
 
 
Só cuidamos verdadeiramente de alguém quando nossas ações são acompanhadas de amor.
17 de maio de 2010