Os antigos, nós e a filosofia

Jociel Nunes Vieira*

Dizer uma coisa por primeiro ou ter a idéia primeiro que o outro não

implica necessariamente que o primeiro é o mais autêntico e verdadeiro.

Da mesma forma, o fato de um filósofo estudar outro com afinco não quer dizer que o primeiro domina toda linha de pesquisa e pensamento do outro.

O ato de reproduzir obras é mais usado do que o de produzí-las.

Estudar somente uma linha, entendê-la e saber como aplicá-la em

diversos âmbitos, é algo bom e proveitoso, mas deixa o filósofo

debilitado nas inúmeras outras áreas que a Filosofia abrange.

Assim como a Filosofia e o ato de filosofar requerem troca de idéias,

debates e um método dialético e retórico, nossos estudos devem

trabalhar da mesma maneira, de uma forma trans-inter-multidisciplinar.

A medicina não se limita a curar doenças conhecidas desde tempos

antigos, ela descobre (ou ao menos aparenta tentar!) a cura de doenças contemporâneas, além de deparar com novas enfermidades e, consequentemente, produzir seus antídotos. O docente de Filosofia tem a tarefa de sanar alguns problemas do ensino já conhecidos e lidar com os atuais de forma dinâmica e que caracteriza sua identidade, não precisando recorrer aos “antigos” para trabalhar e atuar como os mesmos, e tendo até melhores resultados.

Dizem que “o medo existe porque o desconhecido existe”, pois “só se

tem medo daquilo que é desconhecido, novo”. O “novo” está aí e deve

ser produzido. Descobrir algo novo, ter novas idéias, expor e expandir

os anseios são desafios que exigem coragem, insistência e persistência

naquilo que pode ser o ponto que o leve a compreender sua própria

existência, provar sua identidade única e demonstrar ser um bom

filósofo.

__________

* Acadêmico do Terceiro Semestra Letivo do Curso de Licenciatura em Filosofia do Centro de Formação de Professores da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.