Atas e amarras

Sinto saudade das minhas atas queridas, aquelas que me estressavam e faziam chorar. Sinto falta delas porque junto da dor vinha minha alegra e meu cansaço gostoso que me dava paz à noite e me deixava dormir um sono profundo e sem sonhos, sonhos esses que quando vinham traziam o cheiro das flores e o murmúrio dos anjos.

Também sinto falta das amarras. Elas me mantinham presa à realidade que eu tanto gostava de viver e não sabia, ou fingia não saber para não ter que sofrer quando elas se soltassem.

Sinto mais saudade do meu ontem do que do meu amanhã, pois o ontem já aconteceu e eu sei do que gostei e tentei mudar o que não gostei, às vezes com sucesso, outras com fracasso. O meu amnhã pode ser bom, mas o meu ontem foi melhor.

E o hoje? Bom, o hoje é, definitavamente, cheio de outras atas e amarras.

Angélica Nicolosi
Enviado por Angélica Nicolosi em 20/09/2006
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