19 de Novembro

Tinha tão pouco nessa vida mal vivida. Desconhecia a sorte. Tinha uns poucos cigarros e alguma bebida. Tinha uma cama que não servia de nada; ela tava sempre vazia.

Nem sempre foi assim. Pelo menos até aquele 19 de Novembro. Tinha ventos fortes naquela tarde. Tinha também o fim de uma história. Uma história que não precisava acabar. Pelo menos para ele.

Ele tinha lágrimas que não precisavam rolar. Tinha um adeus que não precisava ouvir. Tinha uma luta que ele não queria para o seu coração.

Tudo o que ele queria era ficar ao lado dela. Era tão pouco o que ele precisava.

Ele tinha o olhar tão perdido quanto agora. O corpo trêmulo, o medo e o vazio capazes de levá-lo do nada para lugar nenhum. Tinha perdido a vontade de viver.

Era triste olhar para aquele homem. Essa noite, eu o reencontrei no reflexo do meu espelho e percebi que ele não havia mudado. Só estava um pouco mais velho, um pouco mais cansado e muito mais confuso. Agora, tão perto do fim, só posso pedir desculpas pelos meus erros; pelas minhas fraquezas. Agora, o adeus precisa ser dito.